Guitarra elétrica: uma sonoridade eletrizante (Parte 2)

Estou aqui de volta, mas dessa vez, falarei sobre apenas dos captadores e as diferenças de cada um deles. Apenas queria lembrar que neste texto o termo “guitarra” faz referência ao violão e “guitarra elétrica” as guitarras com captadores eletromagnéticos, que chamamos no Brasil apenas como “guitarra”. Maravilha! Vamos lá!

O princípio de captadores criado por Rickenbacker e Beauchamp, mostrado na parte 1 dessa série, serviu como base para o surgimento de diferentes captadores e, consequentemente, diferentes tipos de guitarras elétricas a partir da década de 1930, como Rickenbacker B-7, Gibson ES-150, Epiphone Emperor, Gibson ES-295, Fender Telecaster, Fender Stratocaster, entre outros (HUNTER, 2013). Embora existam numerosos modelos de guitarras elétricas com diferentes formatos de captadores, todos se baseiam nas estruturas de single coils ou humbuckers.


Modelos de captadores magnéticos


Os single coils geralmente produzem um som mais claro e brilhante. São formados por uma única bobina e o som produzido traz maior definição na região dos médios e médios-agudos. Por conta dessa estrutura, é comum esse tipo de captador possuir alguma interferência externa que leva a produzir um ruído, ou hum (LUIGHI, 2003; KOCH, 2001, p. 29). É possível encontrar single coils em modelos como Fender Telecaster (1950) e Fender Stratocaster (1954). Um single coil que possui um som um pouco mais enfático na região médio-grave é o P-90, presente nos modelos Gibson ES-150 (1936) e Gibson ES-5 (1949).



Estrutura do captador single coil.
          Os humbuckers, devido à sua estrutura, não permitem que haja interferência no campo magnético gerado. Esse tipo consiste em duas bobinas idênticas conectadas fora de fase em uma conexão em série, e cada uma possui um polo diferente do ímã voltado para as cordas. As bobinas captam qualquer zumbido transmitido pelo ar e acabam cancelando o zumbido uma da outra (KOCH, 2001, p. 29). Por conta dessa estrutura, o sinal sonoro que é enviado ao amplificador é mais “escuro” e mais forte do que o sinal produzido pelo single coil.



Estrutura do captador humbucker.  

No vídeo abaixo, é possível reparar a diferença sonora desses dois tipos de captadores:



Essas diferenças de sonoridades dos captadores proporcionaram uma grande evolução nas guitarras elétricas. Até o fim da década de 1940 e início da década de 1950, houve muita evolução em relação às qualidades sonoras das guitarras elétricas e dos amplificadores. A melhoria desses equipamentos permitiu que bandas e artistas de jazz e blues buscassem diferentes sonoridades e timbres, a fim de registrar sua marca no ambiente musical. Além desses gêneros musicais que tinham grande relevância nos Estados Unidos, também surgiram bandas e artistas no estilo rock and roll, bastante influenciados pelo country, blues, jazz, rhythm and blues e folk, dos quais foi herdado o protagonismo da guitarra elétrica. 

Depois da década de 1950, não teve mais como voltar atrás. A guitarra elétrica era forte por ela mesma, estivesse onde estivesse. O instrumento atingiu um papel fundamental nos estilos da época e naqueles originados a partir do rock and roll. Foram criadas estéticas, técnicas, timbres e diferentes combinações de efeitos, tudo para fazer com que a sonoridade eletrizante da guitarra elétrica expressasse o sentimento dos músicos.

Fico por aqui e deixo abaixo algumas músicas de bandas e artistas que evidenciam a guitarra como ela deve ser evidenciada. Até a próxima!






Referências bibliográficas

BACON, Tony; DAY, Paul. The Rickenbacker Book: a complete history of Rickenbacker electric guitars. New York: Backbeat Books, 1994. ISBN 0-87930-329-8

HENRIQUE, Luís L. Acústica musical. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

HUNTER, Dave. 365 Guitars: amps & effects you must play. New York: Voyage Press, 2013.

KOCH, Martin. Building Electric Guitars: how to make solid-body, hollow-body and semi-acoustic, electric guitars and bass-guitars. Austria: Ebook Edition, 2001.

LUIGHI, Edmar. Guia ilustrado da guitarra: manual de conhecimentos e reparos essenciais. São Paulo: Editora Hmp, 2003.

SANTOS, E. M.; MOLINA, C.; TUFAILE, A. P. B. Violão e guitarra como ferramentas para o ensino de física. Revista Brasileira de Ensino de Física, [S.L.], v. 35, n. 2, p. 1-7, jun. 2013. Fap UNIFESP (SciELO). DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1806-11172013000200027.

YANOW, Scott. Jazz on Record: the first sixty years. San Francisco, Califórnia: Backbeat Book, 2003. ISBN: 0-87930-755-2.


Como referenciar este artigo:

ARRUDA, Leonardo. Guitarra elétrica: uma sonoridade eletrizante (parte 2). Blog C4, Campinas, NICS; UNICAMP, 22 abr. 2022. ISSN: 2764-5754. Disponível em: <https://unicampc4.blogspot.com/2022/04/guitarra-eletrica-uma-sonoridade_68.html>